Damaged

             Toda forma de fuga da realidade sempre me atraiu muito. Tudo que me faça esquecer os problemas nem que seja apenas por alguns minutos é realmente sedutor. Tento lutar contra isso há anos, pois normalmente existem consequências, e a maioria delas não são nada boas.
             Tudo começou com a comida, porque quando tudo ia mal ela estava lá para me confortar (isso é possível?), Então, as coisas foram ficando beeeem complicadas, roupas começando a ficar apertadas, pressão da sociedade e blá blá blá. Sempre tive tanto medo de engordar que acabei fazendo disso uma rotina, engordar-emagrecer-engordar-emagrecer, comprando briga comigo mesma pelo fato de não gostar do que eu via refletido no espelho. As pessoas dizem que os gordinhos felizes são a melhor companhia e a maior diversão de um grupo, mas te digo o seguinte: não existe gordinho feliz. Toda pessoa acima do peso quer emagrecer, (na verdade hoje em dia parece que todo mundo quer emagrecer!) quer ter o corpo de uma modelo da Victoria's Secret, ou de algum jogador de futebol. Mas passar sete anos da sua vida dedicando-se apenas a isso é loucura, mas já sei, tenho a cabecinha fora do lugar, e isso não se deve somente ao fato de eu achar que ainda sou uma adolescente de 14 anos, mas sim ao fato de que penso que tenho que compensar de alguma forma, ou seja, se eu tiver um corpo maravilhoso talvez as pessoas perdoem minha infantilidade. Sei lá se isso funciona dessa forma, mas me condicionei a pensar assim, por anos, e agora, quem tira isso de dentro da minha cachola?
            O transtorno bipolar só tem me incomodado quanto a isso, pois começo o dia bem, com força total, alimentação regrada, pegando pesado na academia e aí chega no meio da tarde e tudo parece dar pane, esqueço de todos os motivos pelos quais eu não deveria comer porcarias, e naaaada me distrai em um momento desses, é assim: tudo apaga, dá um branco total e eu piro, como se comer qualquer coisa que não faça parte da minha dieta fosse vital naquele momento. Ninguém me segura, e o pior de tudo, fico sem forças, não quero mais nada da vida que não seja me empanturrar de doces.
           Mas existem momento, longos períodos de tempo que consigo me manter focada, e também momentos em que não passo de doze horas fazendo dieta. Tudo o que eu quero descobrir é qual é o segredo. Como eu fiz pra passar cinco meses sem colocar uma única bala na boca e agora não consigo chegar nem ao fim da tarde dessa maneira? Acho que preciso de um guia, esses caminhos estão realmente difíceis de enxergar e compreender, mas quem? Ninguém me leva a sério, nem eu mesma.
          Escrever me ajuda a pensar mais sobre esses assuntos, sobre as possibilidades e tal, mas acho que preciso de terapia, como fiz mais ou menos durante quase metade da minha vida. É, acho que cheguei em outra rua sem saída, e o espaço pra fazer a volta é pequeno, mas vou ter que dar um jeito, não tenho opção.
Ok, eu só espero que você não pense que eu sou o tipo de garota superficial e patricinha, quero emagrecer, mas isso será apenas um complemento de tudo que eu penso em instituir na minha vida. É difícil compreender isso se você achar tudo muito simples, porque aqui dentro de mim tenho os pensamentos mais complexos do mundo, e nada, nada mesmo é simples.
         Espero um dia poder estar bem e aí poder ajudar as pessoas que passam por isso, uma palavra amiga pode mudar o dia de qualquer pessoa, assim como o contrário possa destruí-la em cinco segundos. É a vida! Não que isso me console ou mude alguma coisa, simplesmente ouço muitas pessoas dizerem que é a vida, temos que jogar conforme o jogo, mas ninguém nunca fala sobre como é que você jogará se tiver uma parte do seu corpo flagelada. Sem mais.

         Lendo 'Princesa para Sempre' - Meg Cabot, e não há como não de apaixonar pela série. Esse é o último da coleção e novamente aqui estou eu me perguntando o que será de mim quando acabá-lo. Todo fim é assim eu acredito, mas poder viajar para lugares desconhecidos ou nunca vistos é a melhor forma de relaxar, pensar um pouco, se divertir. Os livros definitivamente são minha melhor companhia, e terminar cada um deles sempre foi e sempre será um tormento, mas tudo bem, existem muitos ainda pela frente! :)

Montanhas russas

      



           Se eu estivesse em uma daquelas brincadeirinhas de 'se descreva em apenas uma palavra' eu não pensaria duas vezes antes de escolher a palavra inconstante. Tenho poucas certezas na vida, quase nenhuma na verdade, e essa é uma delas. Essa palavra se ajusta perfeitamente aos meus pensamentos, sentimentos e ao meu corpo. Tudo em mim é incerto, variável, versátil. Não, eu não escolhi ser assim, simplesmente nasci com alguns probleminhas nos meus neurotransmissores, que é o que costumo chamar de substâncias químicas responsáveis pela felicidade. Quando produzidas em pouca quantidade te deixam para baixo e quando produzidas em excesso te levam a euforia. Gosto de comparar minha doença às montanhas russas, que sobem, descem, fazem giros de trezentos e sessenta graus, em alta velocidade ou quase parando, tudo isso em menos de dez minutos, o transtorno bipolar é assim, te faz ficar lá em cima e de repente te leva para baixo assim, sem aviso prévio, adornando seu humor involuntariamente. É como estar no meio de muita água sem terra a vista, ao mesmo tempo que você quer se salvar quer que isso tudo acabe logo independente do que vem depois.


        A explicação científica desse transtorno pode ser encontrado em milhares de páginas na internet ou em livros, o que é muito difícil de encontrar é o que se passa dentro das cabeças dos portadores. E é isso que eu tentarei fazer, descrever as sensações e emoções de uma maneira informal, mais acessível de compreensão.


       Sou apaixonada por músicas, livros e seriados, por isso a cada postagem indicarei um desses itens que tenha me embalado durante o dia. E para minha playlist de hoje escolho The Monster, do Eminem com participação especial de Rihanna. Por que? Dá uma olhada nesse trecho:


       I'm friends with the monster that's under my bed. Get along with the voices inside of my head. You're trying to save me, stop holding your breath. And you think I'm crazy, yeah, you think I'm crazy ♪


       Se tornar amigo de seus próprios monstros é algo que todos deviam fazer, é a velha história de 'se não pode contra eles junte-se a eles'. E nesse caso aceitar que você tem um problema que não pode resolver sozinho é o primeiro passo para um tratamento de sucesso. O segundo é procurar um profissional da psiquiatria para iniciar seu tratamento, e assim, vendo tudo com certa clareza é mais fácil lidar com as loucuras que acontecem dentro da sua cabeça. E já que o transtorno bipolar não tem cura somente estabilização, você não quer passar a vida brigando contra si mesmo não é? Foi o que eu pensei :)

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